Área do Paciente
Online Chat
Artigos

Principais dúvidas sobre os medicamentos na psiquiatria

26 de maio de 2014

A medicação é uma importante ferramenta para tratamento das doenças psiquiátricas. Em geral trazem o equilíbrio químico nas redes que ligam as células do cérebro, que chamamos de neurônios e promovem saúde psíquica com remissão ou atenuação de processos patológicos que se instalaram a partir de uma vulnerabilidade genética.

Ocorre que por fatores que envolvem desde abordagem injusta da mídia como a má fama oriunda dos efeitos colaterais dos fármacos mais antigos, os medicamentos usados na psiquiatria estão sempre carregados com insegurança, fazendo muitas vezes o paciente sentir como se estivesse usando drogas ou produtos realmente proibidos.

Isso tudo é muito potencializado pelos rituais que envolvem a compra dos psicofármacos. Prescritos em receitas especiais nas versões em branco duas vias, azul ou amarela, o paciente muitas vezes se sente constrangido ao comprá-lo. Há pacientes que contam como se encabulam quando a farmacêutica entra numa sala trancada para buscá-lo.  Outros falam que em geral olham para o estabelecimento para ver se encontram, ocasionalmente, alguém conhecido.

O fato é que muitos mitos envolvem essas substâncias que não passam de medicamentoss consagrados, que chegam ao publico após vencerem um longo e rigoroso processo de estudo internacional, com efeitos colaterais conhecidos, bem estabelecidos e cada vez mais imperceptíveis. Abaixo, as duvidas mais freqüentes que envolvem esses medicamentos. 

Certamente não. Mas é uma das formas mais seguras, fácil e confortável de tratamento.  A psiquiatria também tem como tratamento processos psicoterápicos, eletroconvulsoterapia e estimulação Magnética trancraniana. Nos últimos anos, as pesquisas têm demonstrado grande eficácia da estimulação elétrica por corrente contínua em algumas das doenças psiquiátricas.

Mito. A medicação psiquiátrica, como qualquer outra substância, pode ser usada tanto para o tratamento de doenças crônicas, como para o de doenças com cura. Em se fazendo o diagnóstico de um mal que tem uma cura bem estabelecida, a parada de uso de medicação é uma certeza e, fazendo-se o tratamento adequadamente, a pessoa pode estar preparada para não voltar a usá-la. Quando o diagnóstico for de uma doença crônica, o uso do medicamento também é feito de forma crônica a fim de garantir saúde e estabilidade. 

Outro mito é que “medicamento de psiquiatra é pra ficar dopado”. Mais um equívoco grosseiro! O tratamento em psiquiatria objetiva restaurar o bem-estar do paciente. Isso significa que a busca constante de seu médico ao longo do tratamento é que o paciente retome sua boa condição de vida, que torne a ser ativo em seu campo pessoal e profissional, sem ficar “dopado”. Realmente, existem alguns medicamentos que causam sonolência, e se isso acontecer de forma exagerada, fale com seu médico, pois o tratamento deverá ser melhor ajustado para seu caso em particular. A idéia é de que o paciente tenha um dia normal, com muita disposição para suas atividades.

Comenta-se muito que “os medicamentos viciam”. Falando desse jeito, dá até medo! E isso é uma afirmação bastante questionável, pois apenas poucos medicamentos podem causar dependência quando usados erradamente, sem orientação médica, e por períodos desnecessários. Mas a grande maioria dos medicamentos usados em psiquiatria não tem risco de provocar dependência ou vício!

Outra idéia errada é que “não existe cura em psiquiatria”. Pelo contrário, há muitos casos em que a cura é o objetivo do tratamento, e ela é atingida no devido tempo. No entanto, é verdade que isso depende do diagnóstico, ou seja, da doença que sendo tratada, havendo casos em que a doença não pode ser curada, mas apenas controlada ou estabilizada, possibilitando uma qualidade de vida excelente ao paciente que faz o tratamento de forma correta e regular.

Em outras palavras, no mundo da Psiquiatria, há doenças totalmente curáveis e doenças que, se não curam, ficam totalmente controladas e estáveis, como nos casos de pessoas que têm diabetes ou pressão alta – doenças clínicas que não curam, mas, se bem tratadas, ficam sempre estáveis e não atrapalham a vida de quem as possui.

Imagine que você está construindo uma casa. E você coloca tijolo por tijolo, construindo todos os cômodos como planejado. De repente, acontece um terremoto. Não tendo como sobreviver a este fenômeno, a casa cai. No dia seguinte você recomeça. Tijolo por tijolo. E outro terremoto acontece. A casa volta a desabar. Mas você volta ao inicio. Al alvenaria começa a se erguer com imponência, até que outro terremoto a desmancha. O que a gente pode garantir é que nesse ritmo, a casa não acabará nunca.

Tomar os medicamentos equivale a construir uma casa. Esquecê-lo corresponde ao terremoto. Se você não tomá-lo regularmente, sua residência nunca ficará pronta.

Hoje em dia, a psiquiatria evoluiu muito. As medicações são parte importante do tratamento e somente o médico decide quais os medicamentos que o paciente deve tomar, quantos comprimidos e quando parar de tomá-los. Qualquer alteração da medicação por parte do paciente prejudica o tratamento todo, algumas vezes obrigando o médico a começar do zero. Assim, um paciente que pára de tomar a medicação porque “está melhor” pode apresentar recaída com muito mais facilidade. A recaída obriga o médico a recomeçar o tratamento e, dessa vez, por um período mais prolongado. Ou seja, o que era um tratamento de seis meses agora virou um tratamento de 2 anos.

Não! Embora a origem filológica de drogaria vem de droga e medicamento muitas vezes sejam chamados de drogas, eles não correspondem a drogas como as conhecemos. Medicamento pega o que está funcionando errado no corpo e concerta. Droga pega o que no corpo está funcionando certo e faz funcionar errado para que a pessoa tenha prazer. É lógico que se a medicação for tomada de uma forma diferente da indicada pelo medico ela pode agir como droga. Mas se você confia no seu medico, tome a medicação como indicado. E você estará longe das drogas.