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Mobilização no combate às Drogas

26 de junho de 2017

A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o dia 26 de junho como Dia Internacional de combate às drogas como forma de lembrar a todos os cidadãos do mundo da deste enorme desafio que ainda está a ser enfrentado. Estima-se que 5% da população mundial compreendida entre as idades de 15 a 64 anos seja consumidora de substâncias ilícitas, o que perfaz um total de cerca de 250 milhões de pessoas. Considera-se ainda que destes, 27 milhões têm algum vínculo problemático com as substâncias, podendo ser considerados dependentes ou ter apresentado algum distúrbio relacionado ao consumo.

A despeito dos programas mundiais estabelecidos com o escopo de controlar ou diminuir o uso de entorpecentes, o fato é que o numero de consumidores tem apresentado ligeiro aumento ano a ano. Atualmente, a droga mais utilizada é a maconha (cerca de 40%) seguida dos opióides como a heroína (33%), cocaína (10%) e anfetaminas (10%). Os opióides correspondem ao conjunto de drogas mais nocivos, correspondendo à maior carga global de mortes e doenças relacionadas à dependência química. Esse dado tende a surpreender os brasileiros dado que a prevalência do consumo da heroína no Brasil é baixo. Ocorre, no entanto, que em países da Europa, Ásia e América do Norte o uso dessa substância é muito maior. As estimativas apontam que 0,4% da população mundial entre 15 e 64 anos é consumidora de opióides.

A política de combate à drogas é multidisciplinar e envolve tanto grupos especializados em saúde, sobretudo de saúde mental, como agrupamentos estratégico-repressivos de combate ao tráfico e de policiamento do transporte do material. No tangente à políticas de saúde os maiores esforços, sobretudo no Brasil, estão relacionados ao tratamento do usuário deixando em segundo plano políticas preventivas de consumo, sobretudo as educativas.

O tratamento no Brasil é realizado no setor público principalmente em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em Centros de Atendimentos Psicossociais (CAPS), principalmente naqueles especializados em álcool e drogas como os CAPSad. Envolve os mais diversos profissionais como médico psiquiatra, Clínico Geral, Psicólogo, Terapeuta Ocupacional e Assistente Social. O atendimento geralmente é individualizado e envolve atividades motivacionais, que garante a vinculação do paciente ao tratamento e ao projeto de abstinência, psicodinâmicas, em que o doente procurará compreender suas relações com a substância e os danos que ela lhe promove e muitas vezes o farmacoterapêutico em que medicações serão administradas com o intuito de se controlar os impactos que a ausência da substância tende a promover no corpo.

Um dos fatores que dificultam o combate às drogas atualmente é a glamouralização do consumo, sobretudo o de maconha. Por receber o título injusto de droga inofensiva ou de substância pouco prejudicial à saúde, a maconha vem progressivamente ganhando adeptos e defensores e tem surgido com cada vez mais força propostas que visam legalizar seu consumo. O fato é que a maconha é sim uma substância danosa, aumenta em 6 vezes o risco de promover um quadro psicótico bem como doenças como esquizofrenia. Ela ainda está relacionada a uma lentificação dos processos cognitivos (memória, concentração e reflexão), alta evasão escolar, diminuição importante do desempenho de habilidades naturais e corporativas, que tendem a levar ao desemprego, acidentes de transito.

Dr. Rodrigo de Almeida Ramos, psiquiatra, diretor da Clínica Vínculo