Talvez só quem sofra ou já sofreu de depressão consegue ter o entendimento completo desse mal. Doença psiquiátrica bastante comum nos dias de hoje, a depressão é uma das entidades clinicas mais incapacitantes do mundo. Relatórios recentes que abordam as doenças que mais afastam os indivíduos do trabalho colocam a depressão à frente do infarto do miocárdio.
Muitas vezes o problema da depressão é agravado por falta de procura de tratamento ou ainda pelo seguimento inadequado das medidas terapêuticas tomadas pelo medico. Indiscutivelmente o preconceito, aqui, tem um protagonismo fundamental.
Não se compreende ao certo atualmente as alterações corpóreas/cerebrais que levam à depressão. Ha um certo consenso de que o dois fatores em conjunto acabam por desenvolvê-las. São esses fatores uma vulnerabilidade genética associada a um fator desencadeante.
Por vulnerabilidade genética, entende-se que uma determinada combinação de genes que seguiriam a sucessão hereditária, tornaria o individuo um candidato a desenvolver depressão. Na presença de um fator desencadeante, esses genes se tornariam ativos e a doença se instalaria.
Para ficar mais fácil a compreensão da dimensão disso, podemos usar o câncer de pulmão como exemplo. Como a depressão, o câncer de pulmão também depende da genética e de um fator que precipita a doença. Alguns indivíduos nascem vulneráveis a ter câncer de pulmão. Nascer com essa vulnerabilidade, não significa que a doença será desenvolvida. Para que ela se estabeleça, precisaremos de um fator desencadeante, como por exemplo fumar. Indivíduos que nascem predispostos a ter câncer de pulmão e fumam, desenvolvem a doença. Quem não nasce predisposto para ter câncer de pulmão acabam fumando por longos Períodos e nem por isso desenvolvem a doença.
Assim ocorre na depressão. Algumas pessoas são vulneráveis à sua instalação. Outras não nascem com essa características hereditária. Essa é a razão da diferença populacional entre pessoas que deprimem com facilidade e pessoas que vivenciam situações muito adversas e ainda assim não deprimem.
Como fator desencadeante, vários podem se destacar. Uso de medicações, procedimentos cirúrgicos, derrames, mudança hormonal, algumas doenças e estresses psicológicos. Indivíduos que experimentam mudanças importantes no padrão de vida como divorcio, luto, aposentadoria ou desemprego podem responder com quadros depressivos.
Do ponto de vista bioquímico, acredita-se que uma vez ativado esses genes pelo fator desencadeante, algumas substancias cerebrais chamadas de neurotransmissores, e principalmente a serotonina, a noradrenalina e a dopamina teriam sua quantidade diminuída no cérebro. A resposta do corpo a essa diminuição seriam os sintomas depressivos. A medicação procura normalizar os índices dessas substancias no cérebro, aniquilando os sintomas.
A boa noticia é que a depressão, em uma grande quantidade de casos, tem cura total, com a pessoa podendo estabelecer padrões de funcionamentos pregressos ou até melhor do que antes. Sobretudo quando se associa tratamento psicoterápico e psicológico.
A medicina não para e a cada dia novos estudos para se compreender a depressão evoluem e cada vez mais chegamos perto de novas e mais eficazes formas de tratamento.
Vencer a depressão é uma meta da sociedade, dos pacientes e de toda a comunidade médica.