Os medicamentos para perda de peso são um tema polêmico, porém é fundamental que eles sejam discutidos. Qual será a hora certa para começar a utilizá-los? Para estas respostas precisamos inicialmente saber conceitos fundamentais sobre obesidade.
Inicialmente, a primeira coisa a se saber é que só se justifica o uso de medicamentos para perda de peso desde que o paciente esteja disposto a mudanças dos estilos de vida, como reeducação alimentar e prática de atividade física. Os medicamentos ajudam na perda de peso para que o paciente melhore sua adesão ao tratamento.
Além disso, o tratamento medicamentoso para obesidade não apresenta resultados sozinho, ou seja, não basta o paciente apenas tomar remédio que irá perder todo o peso que deseja.
A obesidade é uma doença crônica e complexa, com vários fatores envolvidos, como por exemplo:
Portanto, apenas uma via de tratamento (medicamentosa), ou às vezes apenas um só medicamento, também não é suficiente. É necessária uma equipe multidisciplinar, atuando em todas as áreas, desde nutricional, psíquica, educação física e endocrinológica, resultando na mudança de estilo de vida.
Medicamentos para emagrecimento devem ser utilizados sob supervisão e prescrição médica. Há vários critérios, como por exemplo, função renal, função hepática, compulsão alimentar, hábitos noturnos, preferencias alimentares e outras doenças associadas, que possibilitem ou contraindiquem algum tipo de medicamento.
A escolha e o tratamento de cada paciente são individualizados, pesando-se o risco e o benefício de cada medicamento, em cada caso específico.
Não existe tempo pré-determinado de tratamento. Cada tratamento deve ser mantido de acordo com o que for seguro e efetivo para o paciente, conforme a prescrição do seu médico, já que a obesidade é uma doença crônica.
E por fim, em relação aos novos medicamentos para perda de peso, como por exemplo a Liraglutida, seus efeitos já estão sendo estudados desde que foi comercializada pela primeira vez para pacientes com diabetes. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou em 2016 esse medicamento para o tratamento isolado de obesidade. A Liraglutida é chamada tecnicamente de Agosnista do receptor de GLP-1.
O GLP-1 é o hormônio que o nosso intestino libera na presença de alimentos, sinalizando para o cérebro que há comida no interior do intestino. Desta forma, o cérebro acaba inibindo os impulsos de fome.
Para que este hormônio atue, é necessário que haja o seu receptor funcionando normalmente. Portanto, a Liraglutida é uma molécula sintética que age exatamente no receptor de GLP-1, causando os efeitos no corpo, sem que estejamos alimentados, inibindo a sensação de fome.
A Lorcaserina, também indicada como adjuvante a medidas de mudança do estilo de vida para perda de peso em pacientes com diagnóstico de obesidade ou de sobrepeso associado a comorbidades (diabetes, dislipidemia, apnéia do sono).
Farmacologicamente, ela é um agonista seletivo do receptor 2C da serotonina, que é capaz de diminuir o apetite. Apresenta perfil de tolerabilidade bom, segundo os estudos que duraram 2 anos, sem causar problemas no coração.
Sendo assim, torna–se necessário a conscientização de obesidade como doença e problema de saúde pública, com complexa fisiopatologia, e redução do seu estigma tanto por profissionais de saúde como por leigos.
Dra. Maria Cecília Fittipaldi Massaro – Endocrinologista
CRM 145.616 RQE 55137