O trabalho que desempenhamos durante anos com satisfação e empenho pode se transformar na principal causa de mal-estar e sofrimento sendo motivo de adoecimento e comprometimento da saúde mental.
O aumento de carga laboral associado a um ambiente de trabalho desfavorável são os principais fatores deste desfecho.
Refere-se ao número de horas dedicadas ao trabalho; na intenção de aumentar nossa produtividade ou simplesmente de ter um acréscimo na renda optamos por sobrecarregar nosso dia de horas de trabalho. Esta situação torna-se perigosa quando nossa carga horária laboral é desproporcional às horas de descanso e às horas dedicadas a outras atividades, como as familiares e sociais.
Ambientes desconfortáveis ou nocivos nos adoecem, mas principalmente conflitos interpessoais entre colegas de trabalho. Quando obrigados a conviver num mesmo espaço, marcado por desrespeito, indiferença, discriminação e rejeição certamente vamos adoecer. Isto complica-se quando o empregador nada faz tratando o assunto como alheio ao trabalho. A situação ainda se agrava mais quando o conflito se estabelece entre pessoas de diferentes níveis hierárquicos dentro de um mesmo ambiente de trabalho, assumindo caraterísticas de assedio (moral ou sexual).
Fique atento se:
Os quadros variam dependendo da vulnerabilidade pessoal, eles são principalmente a síndrome de esgotamento profissional (Síndrome de Burnout), quadros ansiosos, depressão e dependência química.
Sim.
A principal recomendação é procurar um professional especializado, no caso um médico-psiquiatra que este irá ajudá-lo. Primeiramente diagnosticando a doença e estabelecendo um plano de tratamento.
Uma vez diagnosticada a doença pode ser indicado o uso de psicotrópicos, usualmente em doses baixas e por tempo limitado (alguns meses) associado a consultas médicas periódicas. Pode ser indicado, também, um acompanhamento psicoterápico e outras atividades terapêuticas que seu médico irá sugerir.
Não. As medicações atuais não têm este efeito e não são necessárias altas doses. É importante seguir as orientações de seu médico em relação a horários, doses e tempo de tratamento.
A recuperação destes quadros está relacionada à parceria estabelecida com seu médico tratante conjuntamente com a adesão ao tratamento que refletirá em seu bem-estar e fortalecimento de suas capacidades.
Julio Acurio
Médico-Psiquiatra da Clínica Vínculo
Professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.