O suicídio pode ser entendido como o ato deliberado e consciente de atentar contra a própria vida, com o resultado letal.
Estudos mais recentes comprovam que o ato suicida engloba toda uma gama de atitudes pensamentos e ações.
Nos EUA, estima-se que mais de 30 mil pessoas cometam suicídio por ano. No Brasil, estes números são menores, cerca de 12 mil, mas provavelmente o fenômeno observado se deva a subnotificação do problema. Mesmo assim, são mais de 30 pessoas por dia que tiram a própria vida. O Brasil é o oitavo colocado em números absolutos de suicídio no mundo (OMS- 2014). Nos países do hemisfério norte o suicídio é bem mais comum, podendo chegar a índices bem alarmantes.
Contudo, hoje, devemos entender também o suicídio como algo passível de prevenção. Que pode e deve ser alvo de atenção. A maior parte dos indivíduos que cometeu o suicídio era portador de transtornos mentais que ocasionavam para o mesmo um grande estreitamento de opções percebidas.
O paciente suicida normalmente sente-se cronicamente acuado e encurralado por uma série de situações. Embora seja uma urgência médica, o assunto e a prevenção passam por toda a rede de apoio do paciente. Entenda-se por rede de apoio os contatos do mesmo, quer sejam sociais, familiares, amizades, médicos, professores e quaisquer outros. Qualquer pessoa que detecte o risco aumentado de suicídio em algum conhecido pode agir como o catalizador da procura deste por ajuda.
Os maiores fatores de risco para o suicídio são dois principalmente:
Dentre as doenças mentais mais comumente relacionadas ao suicídio estão os transtornos de humor, as dependências químicas, os transtornos de personalidade e os transtornos psicóticos.
Este texto não tem por objetivo discutir cada um destes complexos grupos de doenças citados acima. Contudo é importante salientar que todas em determinados momento podem turvar a percepção de realidade do indivíduo, diminuindo a sua autoestima e ocasionando a perda de discernimento em algum nível.
Desde 2014 as entidades médicas – Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina, vem se preocupando cada vez mais com este fenômeno. O lançamento da Campanha Setembro Amarelo visa trazer à sociedade mais conhecimento sobre o assunto sua desmistificação.
Como fazer isto? Através da conversa e de se conhecer melhor as pessoas, do contato humano e do fortalecimento de laços sociais.
O mais importante e que devemos refletir no Setembro Amarelo deste ano é que o assunto suicídio é envolto de preconceitos e medo. Então convido a todos os leitores deste texto para uma reflexão, temas como sexualidade e uso de drogas já foram também tabus e hoje são discutidos com bastante liberdade entre as famílias e demais círculos sociais.
Por que um tema de tamanha relevância não pode ganhar o mesmo status? Afinal de contas, a identificação do risco sempre virá do círculo de relacionamentos da pessoa para que esta possa ser levada a atenção médica e dos demais profissionais da Saúde Mental.
Dra. Samanta Calfat – psiquiatra da Clínica Vínculo