A medicação é uma importante ferramenta para tratamento das doenças psiquiátricas. Em geral trazem o equilíbrio químico nas redes que ligam as células do cérebro, que chamamos de neurônios e promovem saúde psíquica com remissão ou atenuação de processos patológicos que se instalaram a partir de uma vulnerabilidade genética.
Ocorre que por fatores que envolvem desde abordagem injusta da mídia como a má fama oriunda dos efeitos colaterais dos fármacos mais antigos, os remédios usados na psiquiatria estão sempre carregados com insegurança, fazendo muitas vezes o paciente sentir como se estivesse usando drogas ou produtos realmente proibidos.
Isso tudo é muito potencializado pelos rituais que envolvem a compra dos psicofármacos. Prescritos em receitas especiais nas versões em branco duas vias, azul ou amarela, o paciente muitas vezes se sente constrangido ao comprá-lo. Há pacientes que contam como se encabulam quando a farmacêutica entra numa sala trancada para buscá-lo. Outros falam que em geral olham para o estabelecimento para ver se encontram, ocasionalmente, alguém conhecido.
O fato é que muitos mitos envolvem essas substâncias que não passam de remédios consagrados, que chegam ao publico após vencerem um longo e rigoroso processo de estudo internacional, com efeitos colaterais conhecidos, bem estabelecidos e cada vez mais imperceptíveis. Abaixo, as duvidas mais freqüentes que envolvem esses remédios.
Certamente não. Mas é uma das formas mais seguras, fácil e confortável de tratamento. A psiquiatria também tem como tratamento processos psicoterápicos, eletroconvulsoterapia e estimulação Magnética trancraniana. Nos últimos anos, as pesquisas têm demonstrado grande eficácia da estimulação elétrica por corrente contínua em algumas das doenças psiquiátricas.
Mito. A medicação psiquiátrica, como qualquer outra substância, pode ser usada tanto para o tratamento de doenças crônicas, como para o de doenças com cura. Em se fazendo o diagnóstico de um mal que tem uma cura bem estabelecida, a parada de uso de medicação é uma certeza e, fazendo-se o tratamento adequadamente, a pessoa pode estar preparada para não voltar a usá-la. Quando o diagnóstico for de uma doença crônica, o uso do remédio também é feito de forma crônica a fim de garantir saúde e estabilidade.
Outro mito é que “remédio de psiquiatra é pra ficar dopado”. Mais um equívoco grosseiro! O tratamento em psiquiatria objetiva restaurar o bem-estar do paciente. Isso significa que a busca constante de seu médico ao longo do tratamento é que o paciente retome sua boa condição de vida, que torne a ser ativo em seu campo pessoal e profissional, sem ficar “dopado”. Realmente, existem alguns medicamentos que causam sonolência, e se isso acontecer de forma exagerada, fale com seu médico, pois o tratamento deverá ser melhor ajustado para seu caso em particular. A idéia é de que o paciente tenha um dia normal, com muita disposição para suas atividades.
Comenta-se muito que “os remédios viciam”. Falando desse jeito, dá até medo! E isso é uma afirmação bastante questionável, pois apenas poucos medicamentos podem causar dependência quando usados erradamente, sem orientação médica, e por períodos desnecessários. Mas a grande maioria dos medicamentos usados em psiquiatria não tem risco de provocar dependência ou vício!
Outra idéia errada é que “não existe cura em psiquiatria”. Pelo contrário, há muitos casos em que a cura é o objetivo do tratamento, e ela é atingida no devido tempo. No entanto, é verdade que isso depende do diagnóstico, ou seja, da doença que sendo tratada, havendo casos em que a doença não pode ser curada, mas apenas controlada ou estabilizada, possibilitando uma qualidade de vida excelente ao paciente que faz o tratamento de forma correta e regular.
Em outras palavras, no mundo da Psiquiatria, há doenças totalmente curáveis e doenças que, se não curam, ficam totalmente controladas e estáveis, como nos casos de pessoas que têm diabetes ou pressão alta – doenças clínicas que não curam, mas, se bem tratadas, ficam sempre estáveis e não atrapalham a vida de quem as possui.
Imagine que você está construindo uma casa. E você coloca tijolo por tijolo, construindo todos os cômodos como planejado. De repente, acontece um terremoto. Não tendo como sobreviver a este fenômeno, a casa cai. No dia seguinte você recomeça. Tijolo por tijolo. E outro terremoto acontece. A casa volta a desabar. Mas você volta ao inicio. Al alvenaria começa a se erguer com imponência, até que outro terremoto a desmancha. O que a gente pode garantir é que nesse ritmo, a casa não acabará nunca.
Tomar os remédios equivale a construir uma casa. Esquecê-lo corresponde ao terremoto. Se você não tomá-lo regularmente, sua residência nunca ficará pronta.
Hoje em dia, a psiquiatria evoluiu muito. As medicações são parte importante do tratamento e somente o médico decide quais os remédios que o paciente deve tomar, quantos comprimidos e quando parar de tomá-los. Qualquer alteração da medicação por parte do paciente prejudica o tratamento todo, algumas vezes obrigando o médico a começar do zero. Assim, um paciente que pára de tomar a medicação porque “está melhor” pode apresentar recaída com muito mais facilidade. A recaída obriga o médico a recomeçar o tratamento e, dessa vez, por um período mais prolongado. Ou seja, o que era um tratamento de seis meses agora virou um tratamento de 2 anos.
Não! Embora a origem filológica de drogaria vem de droga e remédio muitas vezes sejam chamados de drogas, eles não correspondem a drogas como as conhecemos. Remédio pega o que está funcionando errado no corpo e concerta. Droga pega o que no corpo está funcionando certo e faz funcionar errado para que a pessoa tenha prazer. É lógico que se a medicação for tomada de uma forma diferente da indicada pelo medico ela pode agir como droga. Mas se você confia no seu medico, tome a medicação como indicado. E você estará longe das drogas.
Por exemplo, primeiros episódios depressivos são potencialmente curáveis, assim como transtorno de pânico, estresse pós-traumático e outros. Outras doenças, não curam, mas ficam controladas para que o indivíduo leve uma vida normal, ou o mais perto disso, caso siga o tratamento regularmente. Isso acontece na esquizofrenia, no transtorno bipolar do humor, em depressões do tipo recorrente, entre outras.
Em geral, após a melhora completa dos sintomas que levaram a pessoa a buscar ajuda do psiquiatra, ainda se fará necessária uma fase de manutenção da mesma medicação e na mesma dose, salvo excessões. A suspensão brusca ou precoce dos medicamentos está relacionada a recaída dos sintomas ou sensações desagradáveis (síndrome de retirada), a depender do tipo do tratamento realizado. No momento oportuno para cada caso, o médico orientará sobre a retirada paulatina do medicamento de maneira segura. Esta é uma forma de evitar recorrências do quadro patológico.
Não. Para um bom tratamento, mesmo no mundo dos quadros emocionais ou psíquicos, o adequado acompanhamento médico não deve ser substituído por práticas religiosas. Há espaço para tudo. Uma coisa não precisa excluir a outra e vice-versa. Cuide-se do ponto de vista da medicina e siga também suas práticas religiosas da mesma maneira que sempre lhe fez bem.
Ao contrário. Tratar enfermidades psiquiátricas devolve o bem-estar, autoconfiança e a autonomia do indivíduo, possibilitando sua reintegração social, familiar, nos estudos, no trabalho, nas atividades de lazer.
Como qualquer medicamento usado em qualquer tipo de tratamento médico, desde que bem indicado pelo profissional e, se observadas as instruções quanto à dose e à frequência das tomadas, tudo deve transcorrer adequadamente e, assim, o medicamento faz bem. Efeitos colaterais podem ocorrer de maneira imprevisível com muitos tipos de medicamentos, não apenas com psicofármacos, a depender da sensibilidade individual de cada pessoa.
Não deve. O processo de psicoterapia deve funcionar como uma experiência libertadora das angústias, inseguranças, funcionamentos psíquicos e interpessoais mal-adaptativos. Assim, com a psicoterapia bem feita, o paciente evolui de modo a reduzir sintomas e a ter um bem-estar mais sólido devido a um auto-conhecimento progressivamente mais profundo.
Sim. Conforme a situação do estado emocional e psíquico, sem dúvida. As relações de amizade são muito importantes na vida do indivíduo, sobretudo entre amigos confidentes ou dentre familiares. É fato que relações interpessoais ricas servem como fato protetor contra algumas doenças como depressão e reduzem o risco de suicídio. Entretanto, essas relações não têm finalidade terapêutica, isto é, não se valem de técnicas específicas orientadas precisamente para o alívio e tratamento de sintomas, por exemplo.
Essa questão é a raiz de muitos preconceitos em nossa sociedade – a idéia de que a pessoa que procura o psiquiatra está louca, ou que “psiquiatra é médico de maluco”. Esse tipo de conceito muitas vezes impede que pessoas necessitadas de um tratamento adequado procurem o profissional certo, porque “já que não estão loucas, não precisam ir ao psiquiatra”.
Não podemos negar que é realmente o psiquiatra o especialista que cuida das pessoas com alterações graves do comportamento e com alterações importantes de outras funções mentais. Mas não é só isso, de forma alguma! Seria como pensarmos que um oftalmologista só cuida de cegueira ou um cardiologista só cuida de infartos, por exemplo. O psiquiatra cuida de alterações tão sutis como estados ansiosos ou depressivos leves até quadros de esquizofrenia ou de demências bastante graves. Como fica claro, não é porque você vai ao psiquiatra que necessariamente você está com um problema gravíssimo ou que esteja louco!
Cada vez mais as pessoas percebem que a Psiquiatria é uma especialidade médica como qualquer outra, e que os pacientes que vêm ao psiquiatra apenas estão passando por algum tipo de sofrimento em seu mundo emocional e psíquico que perturba o seu bem-estar habitual e que, por isso, carecem de cuidados médicos para sua boa recuperação.
A idéia por trás de uma consulta com o psiquiatra é de que o médico, em conjunto com o paciente, possa identificar diferentes sintomas e alterações do comportamento, do sono, das emoções ou do estado mental que venham gerando o sofrimento, o desconforto ou o prejuízo na vida do paciente. Para isso, uma boa conversa, às vezes até com a participação da família, sobre quando e como começaram as primeiras alterações, é fundamental. O médico psiquiatra realiza o exame psíquico do paciente e, conforme o quadro detectado, formula um diagnóstico para que seja instituído o melhor tratamento.
Nem uma afirmação é correta, nem outra. Se você não tem nada, não teria passado por aquela situação que apenas você sabe o que foi. Logicamente, por maior que seja nossa capacidade de atuar, não seriamos capazes de enganar a nós mesmos com tanta intensidade. O fato é que, quando o colega que te atendeu no serviço de emergência disse que você não tinha nada, ele provavelmente se referia ao coração. Esse órgão realmente não está doente e você motivos para se preocupar com ele. O problema, na verdade está no cérebro. Na capacidade desse órgão de entender e processar os impulsos cerebrais e substâncias químicas, chamadas de neurotransmissores, que estão envolvidas no perfeito funcionamento dele. Nesse caso, o especialista para seu problema é o psiquiatra e não o cardiologista.
As chances de sua vizinha estar errada é muito grande. A grande maioria dos quadros de síndrome do pânico, quando tratada adequadamente, envolve cura total da doença. Assim sendo, depois de um determinado momento, será programada pelo medico, a retirada da medicação e o paciente terá alta do tratamento.
Chamamos de agorafobia a uma situação clínica em que o doente se sente muito intimidado por estar em locais abertos ou com muitas pessoas, onde o acesso a saídas seria muito difícil ou o acesso a socorro em caso de um eventual ataque de pânico sejam muito difíceis. Em geral esses doentes ficam com muita dificuldade de sair de casa por medo de se deparar com uma dessas situações. Estima-se que a metade das síndromes do pânico sejam concomitantes a um quadro de agorafobia.
A acupuntura não tem sua eficácia reconhecida pela medicina para o tratamento de síndrome do pânico. Em se querendo fazê-la ela não pode nem deve substituir o tratamento medico.
A sociedade evolui de geração para geração e o que tem se mostrado verdade para uma, muitas vezes cai em desuso e para de ser praticada por outra. Um desses tópicos corresponde ao uso de drogas. As pesquisas têm mostrado que a grande maioria de jovens atualmente tem acesso às drogas e muitas vezes chegam a experimentá-la. Esse dado, antes de ser alarmante, guarda uma importante informação: do total de pessoas que experimentam essas substâncias, uma pequena minoria acaba por se tornar dependente. Nesse contexto, a droga que mais se destaca é a maconha.
A medicina ainda tenta interpretar esse tópico e chegar a um consenso. A sociedade também. Setores da população, com importantes representantes, começam no mundo todo a defender a liberalização da maconha como forma de afastar o indivíduo de drogas mais pesadas no que tange o potencial de dependência como a cocaína. O principal argumento é que o vendedor da maconha é o mesmo que o da cocaína: o traficante. Dessa forma, a maconha se torna porta para outras drogas.
Listaremos oito importante dicas para lidar com esse problema em um primeiro momento:
Ver uma pessoa dessa forma faz com que a gente ative nossos preconceitos e passe a tratá-lo como uma decepção, um desgosto ou alguém que merece apenas desmerecimento. Essa atitude afasta você de seu filho em um momento que sua presença é importante. Pense nas drogas como uma grande sereia que vive a tentar seduzir sua prole. Se de um lado ele ouvir um canto magnífico e de outro ele ouvir xingamentos e desmerecimento, fica evidente qual vai ser a escolha dele.
Até como mecanismo de monitoramento desse uso por parte do usuário, vale convocar um profissional para discutir com seu filho as causas disso e se ocorre algum tipo de carência que pode tornar essa experimentação algo crônico com potencial dependência. Um psicoterapeuta é um profissional treinado a lidar com esse tipo de problema.
Os pais, tanto pai como mãe, devem procurar ajuda para lidar com o problema. Haverá avaliação dos dois, do casal e da família, em prol da união e fortalecimento da confiança entre todos os integrantes da família.
Frases como “te dei sempre do bom e do melhor” ou “onde foi que eu errei” não são efetivas e só te afastam do seu filho. E pense assim: o cérebro humano é como um computador. Os principais programadores dessa máquina são os pais. Assim, se seu filho se tornar um dependente, algum grau de participação a família teve. Lógico que inconsciente e sem intenção, mas teve. A dependência química é resultado da combinação de dois fatores: uma pré-disposição genética e fatores desencadeantes. Uma família que guarda algum grau de desestruturação pode compor um fator desencadeante.
Como dito acima, entenda que seu oponente é uma sereia maravilhosa. As drogas sabem seduzir. Então seja carinhoso e mostre como você está do lado dele e o ama, acima de tudo.
Calma! Não é hora de mandá-lo ao Narcóticos Anônimos ou interná-lo em comunidade terapêutica. Essas opções de tratamento são fundamentais para quem tem o diagnóstico de dependência. Quem não tem esse diagnóstico, ao frequentar tratamentos assim, não se sentem representados e fecham as portas para eles. Assim, se realmente ele precisar em um outro momento, pode não haver disposição por parte dele para seguir esse caminho.
Ainda não há motivos para pânico. A grande maioria das pessoas que experimenta drogas não se torna dependente. Por isso é hora de reforçar o amor e a união familiar.
A maconha torna-se potencialmente perigosa para pacientes com antecedentes familiares de esquizofrenia porque estudos indicam que ela pode ser um importante desencadeador da doença para indivíduos predispostos geneticamente a ela. Em caso de ocorrer isso, vale procurar um psiquiatra.
A anorexia é uma doença que acomete sobretudo indivíduos do sexo feminino, mas que tem crescido sobremaneira entre a população masculina. Seu início insidioso muitas vezes é disfarçado pelo uso de roupas mais largas e de comportamentos que, em princípio, estariam vinculados a um bem estar. Abaixo listo cinco importantes dicas para ajudar a identificar uma pessoa que pode estar doente: