O conhecido hormônio do sono, chamado melatonina, tem o triptofano com substrato principal. É produzido pela glândula pineal na vigência de estimulação noradrenérgica simpática e, diferentemente de outros hormônios dependentes do eixo hipotálamo-hipofisário, a produção de melatonina não está sujeita a mecanismos de retroalimentação negativa, ou seja, a concentração plasmática não regula sua própria produção.
A característica importante deste sistema é ser estritamente controlado pelo ciclo circadiano. Assim, a produção diária de melatonina esta sincronizada ao ciclo de iluminação ambiental característico do dia e da noite.
Na presença de luz sua produção e atividade são drasticamente suprimidas. O pico de produção se dá durante a noite, quando há inibição de luz. Essa característica de produção ligada ao ciclo circadiano (claro/escuro) atribui à melatonina um papel de associação, em particular, aos períodos sono e vigília / “relógio biológico humano”, e ao metabolismo energético.
A melatonina tem seu uso definido no tratamento de alguns distúrbios do sono como insônia, sono fragmentado, distúrbios comportamentais do sono REM, correções do sono do idoso entre outros, que chegam a acometer 18% da população.
Já em relação ao importante papel da melatonina na regulação do metabolismo energético, estudos mostraram que tanto animais quanto indivíduos que apresentaram ausência ou redução da produção de melatonina desenvolveram dislipidemia, resistência insulínica, intolerância à glicose, distúrbios na secreção de insulina, distúrbios do balanço energético e obesidade.
Isso porque a distribuição diária do metabolismo está associada ao ciclo vigília-sono. Sendo assim, a redução ou ausência de melatonina leva a um desbalanço deste sistema. Assim, não consegue mais diferenciar os períodos de sensibilidade insulínica e sua secreção estimulada pela alimentação no período diurno ou resistência insulínica hepática e neoglicogênese no sono/repouso, e consequentemente causando uma perturbação circadiana, chamada cronorruptura.
Dessa forma, a ausência ou redução na produção de melatonina provoca distúrbios metabólicos e distúrbios rítmicos circadianos podendo resultar na obesidade.
Outros estudos mostraram que a regulação direta da melatonina tem ação central sobre a ingestão alimentar, reduzindo – a, ainda que ligeiramente.
A melatonina regula também outros hormônios, como a produção e secreção de insulina, glucagon e cortisol. Essas substâncias agem diretamente nas reservas energéticas e, mais importante, aumentam o dispêndio energético, aumentando a atividade do tecido adiposo marrom.
Ele pode ser assim, considerado benéfico para o corpo e se opõe ao ganho de peso, ou seja, um hormônio com características antiobesogênicas.
Desta forma fica fácil correlacionar reduções de horas de sono e/ou noites mal dormidas com dificuldade de perda de peso, ou até ganho de peso. Procure profissionais aptos para melhores orientações quanto a higienes do sono, que é um conjunto de práticas e hábitos necessários para conseguir dormir bem.
Dra Maria Cecília Fittipaldi Massaro– Endocrinologista
CRM 145.616