O tabaco, que contém a nicotina, é originário das Américas e foi levado para a Europa por Jean Nicot, no século XVI. Inicialmente seu uso era sinônimo de status social, mas ao longo de décadas de acúmulo de conhecimento científico isto mudou de forma definitiva.
Hoje, o uso de cigarros é um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo.
Desde a década de 60 do século passado, começaram a surgir os primeiros relatos de problemas relacionados a saúde entre os fumantes, ainda assim campanhas mais efetivas contra o hábito de fumar foram acontecer apenas no final do século com a proibição de fumar em restaurantes e locais públicos.
Cerca de 15 anos atrás a campanha antitabagismo era bem mais intensa, havendo a real percepção de que as pessoas estavam diminuindo a quantidade de cigarros consumida ou muitas vezes abandonando este hábito. Hoje, o tabagismo volta a crescer e o mais incrível é que avança entre as pessoas mais jovens, como por exemplo os universitários.
Acredita-se que exista ainda uma negação a respeito dos problemas que o tabaco pode causar, e, em pesquisas recentes, poucos apresentam vontade de parar de fumar no futuro próximo.
Isto porque, apesar da informação estar mais disponível, os fumantes têm pouco interesse em acessá-la, principalmente os mais jovens que se baseiam na ideia de que os problemas, caso venham a ocorrer, estariam lá no futuro e não no presente.
Esta crença não tem nenhum fundamento, uma vez que quanto maior o tempo de exposição à substância, maiores serão os prejuízos à saúde.
Abaixo, vamos enumerar alguns fatos bastante alarmantes, todos comprovados por evidências científicas:
Um fato bastante conhecido, mas que diversas pessoas tendem a negar a gravidade ou mesmo a existência do mesmo é que o cigarro causa dependência isoladamente.
Apesar do cigarro ser composto de inúmeras substâncias, a que causa dependência é a nicotina, isto porque em nossos neurônios temos receptores específicos aonde a nicotina age.
Para que se possa dizer que a dependência de alguma substância está instalada temos de ter entre outros sinais e sintomas a tolerância e a abstinência.
Tolerância ocorre quando o paciente necessita de doses cada vez maiores da substância para atingir os efeitos que antes eram obtidos com doses menores. No caso da nicotina, a sensação de bem-estar e diminuição de ansiedade.
Durante os primeiros momentos de uso de nicotina, temos diversos efeitos colaterais, como intolerância gástrica, náuseas, e até diarreia, infelizmente estes sintomas diminuem com rapidez, até desenvolver tolerância.
A abstinência, por sua vez é o conjunto de sintomas desagradáveis como:
O que queremos dizer aqui é que a nicotina causa dependência como o álcool e quaisquer outras drogas, mesmo as ilícitas.
Diversos são os mecanismos e os caminhos que podem levar a dependência de nicotina, felizmente as alternativas e maneiras de intervenção também são inúmeras.
As modalidades de tratamento vão desde intervenções psicoterápicas, às medicamentosas e a terapia de reposição de nicotina. Muitas vezes, múltiplas abordagens concomitantes são necessárias.
Lembrando que o tratamento para a dependência de nicotina, com certeza garantirá uma maior qualidade de vida ao paciente e também a seus familiares. Já vez que o fumante passivo está sujeito aos mesmos problemas de saúde.
Dra. Samanta Calfat – psiquiatra da Clínica Vínculo